quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Construção Mole com Feijões Cozidos

Dalí gostava de dizer que a famosa obra comprovava seu gênio intuitivo, visto que ela foi concluída antes que a Guerra Civil Espanhola estourasse, em julho de 1936. No entanto, é possível perceber na obra o posicionamento do pintor a respeito do assunto. O artista era publicamente contrário a guerra e a achava desnecessária e terrível.
Embora tenha sido finalizada antes da ocorrência, o pintor a utilizava como meio para demonstrar esse posicionamento. A atmosfera que permeia a composição é vista como um acontecimento inevitável em que a Espanha se auto-aniquilou. O monstro que domina a tela tem as mesmas proporções do contorno do mapa do País e dele brotam braços e pernas que se rasgam mutuamente, enquanto uma forma fálica e flácida abraça um quadril rompido.
Os feijões se esparramam pelo chão sem que possam saciar a fome de alguém e é possível observar o rosto do monstro em êxtase, enquanto os músculos tensos de seu pescoço e seus braços transformam-se e apodrecem. É provável que Dalí acreditasse que mostrando a Espanha se autodestruindo, agourasse as atrocidades cometidas pelas partes envolvidas em uma guerra.
Somada a isso, a paisagem na qual a cena se desenrola reforça esse clima, visto que o ambiente ermo de desolação e morte é um ambiente propício para todo o sofrimento causado pela guerra.
 
"Construção Mole com Feijões Cozidos", do pintor surrealista Salvador Dalí
(Óleo sobre tela - 1936)
(Museu de Arte da Filadélfia, Filadélfia, EUA)

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