terça-feira, 7 de julho de 2015

SOBRE A ESPERA

"Vou lhe dizer que sim, mas se lhe digo, digo por não mais querer sufocar sentimentos, nem os pequenos, nem os prescritos.
E talvez um dia você me traga um buquê de girassóis frescos e
alguma promessa de um verão ameno.
Eu vou lhe dizer que quero e de você vou esperar somente um suspiro dominical de tedio, olhos úmidos de contentamento e filmes antigos que tenham canções bonitas.
Eu vou dizer: vem! E pode ser que, talvez, você enfim me venha sem malas pesadas e
sem memórias comprometidas com o passado. E poderemos construir algo do zero,
ou do menos ou poderemos não construir nada e
apenas nos acomodar sob o sol de algum entardecer em algum gramado verde e
divagar sobre coisas metafísicas ou sobre folhas e formigas.
Eu vou responder os seus chamados todos quando você me chamar,
e lhe chamarei todas as vezes que eu souber que você espera o meu chamado.
Mas pode ser que não nos precisemos de sinais, podemos estar, tranquilamente, caminhando lado a lado sem palavras.
Eu vou lhe aceitar ao perceber sua chegada e você há de chegar.
E não vou precisar nem mesmo lhe abrir a porta pois assim que você entrar perceberá, como num deja vu que já estava. E assim, será a vida sem planos mirabolantes,
sem metas para o próximo ano e sem grandes decepções estacionárias.
Aí, somente então,
eu transbordarei em cascatas de versos doces inaugurando um tempo de romantismos
que nunca mais serão vãos.
 
(Ana Paula Mangeon)
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário