terça-feira, 14 de abril de 2020

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

Deito-me tarde
Espero por uma espécie de silêncio
Que nunca chega cedo
Espero a atenção a concentração da hora tardia
Ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
A nossa própria mão pousada sobre a mesa
É então que se vê passar o silêncio
Navegação antiquíssima e solene.

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