No português se agradece num compromisso pesado: obrigado. A palavra forte, que traz junto a culpa, o dever. No italiano: “grazie”. É uma evocação a elas: às Graças. E traz leveza, traz dança, traz beleza. Você não se obriga a nada, ao invés disso, deseja que o benefício recebido entre no círculo das Graças, e retorne de alguma forma ao seu autor.
As Graças são três, escreve Sêneca: uma dá o benefício, outra o recebe, uma terceira retribui. Mas não só: elas dançam de mãos dadas e, assim, o benefício, passando de mão em mão, retorna ao seu autor. É uma passagem contínua, uma dança que é movimento e um círculo e, portanto, tudo. É muito diferente de simplesmente dar e receber em uma lógica de dois, onde o retorno é sobre o mesmo, caracterizando uma troca. O círculo das Graças é então o círculo da vida. A Grazia Maggiore coloca o presente em movimento como um gesto original: as coisas voltam, sim, mas do excedente, da espuma do mar que é beleza, do todo,
e não de uma restituição com muita espera, não de algo que é devido, e que é de ingratidão.
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