Foram anos percorrendo as regiões mais remotas do planeta. A proposta era capturar imagens de lugares que se mantiveram longe da ação do homem e, por isso, exibem paisagens intactas, assim como comunidades que ainda vivem de maneira primitiva, sem qualquer tecnologia ou luxo da vida moderna. No percurso, o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, cruzou desertos africanos, explorou a biodiversidade exótica de ilhas e enfrentou temperaturas na casa dos 40 graus negativos no Círculo Polar Ártico. Os trajetos foram feitos a bordo de barcos, aviões pequenos e até a pé. A rica experiência resultou na exposição "Gênesis".
Os nenets são uma comunidade nômade de mais de 500 pessoas que vive na Sibéria, no Círculo Polar Ártico. Se movimentam em trenós puxados por renas e viajam até 12 horas diariamente. Sebastião Salgado seguiu-os por 47 dias.
"Encontrei-os ao sul do Rio Ob, na Rússia, e atravessamos em direção ao norte", diz o fotógrafo.
"A temperatura variava entre 35 e 45 graus negativos, mesmo sendo início de primavera. Como minhas roupas não me aqueciam para suportar aquele frio, eles tiveram que me emprestar algumas peças para eu não congelar."
Sem poder tomar banho, o fotógrafo passava lenços umedecidos pelo corpo deitado no saco de dormir. Para comer, levou um estoque de petiscos na mala, por causa do clima, teve que ceder à dieta baseada
em carne e sangue de rena.
"Passar por essas situações fazia parte da experiência."
O fotografo chegou à Namíbia (África), para clicar balões. Ele ia a campo somente de manhã, pois a força dos ventos impedia os voos depois. Com o restante do dia livre, ele decidiu se aventurar pelo Parque Nacional Etosha para fazer alguns cliques dos animais que vivem ali.
"Como existem muitos caçadores, os bichos reconhecem os humanos como uma ameaça. Então, ao ouvir o barulho do carro, um elefante partiu para nos atacar. O motorista deu ré e só assim ele percebeu que não queríamos machucá-lo. A foto foi feita quando ele já estava indo embora".
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