terça-feira, 13 de agosto de 2019

Mia Couto, in Raiz de Orvalho

Beber toda a ternura
Não ter morada 
habitar 
como um beijo 
entre os lábios 
fingir-se ausente 
e suspirar 
(o meu corpo 
não se reconhece na espera) 
percorrer com um só gesto 
o teu corpo 
e beber toda a ternura 
para refazer 
o rosto em que desapareces 
o abraço em que desobedeces.




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