Fica assegurado o direito à utopia.
E que as armas e os brasões da pátria respeitem
o nosso poder-dever de delírio.
Saibam que o nosso sonho
ganhou força em seus mil ocasos
e que hoje a sua voz
tem contornos de infinito.
Que o homem seja medido pela grandeza do que ama
e que sua estatura moral se registre
pelo tempo em que persevera
no estender de sua mão.
Que o sexo seja concebido sem pecado
e que todo homem seja nascido
do coração da Humanidade inteira.
Que tenhamos a decência de amar o humano
em sua grandeza ímpar, tenha ele a cor,
a dor ou nacionalidade que tiver.
E que nós, os loucos, os poetas
os sonhadores imprestáveis do mundo,
escrevamos um amanhã
que ainda pode ser hoje.
(Nara Rúbia Ribeiro, do livro “Pazes”)
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