terça-feira, 13 de junho de 2017

Pedro Chagas Freitas

Não sei a mulher que sou, mas sei a mulher que não sou. 
Não sou a mulher que se esconde nos tachos, a mulher que se cala nas horas, 
que se entrega ao embuste da segurança, à fraude suportável de ver passar o tempo. 
Não. Não sou. 
Não sou a mulher do fado e das lágrimas, a mulher do enfado e das rotinas, 
dos sonhos que se arrastam pelas esquinas. 
Não. Não sou. 
Não sou mulher de sorrisos quando existe a gargalhada, de aldeias quando existe o mundo. Não sou nem um milímetro menos do que aquilo que posso ser, e se um dia cair, 
foi porque tentei saltar e não porque preferi aceitar.

Antes um Titanic afundado do que um barco que não vai a nenhum lado.


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