Linda é a mulher e o seu canto,
ambos guardados no luar.
Seus olhos doces de pranto
─ quem os pudera enxugar
devagarinho com a boca,
ai!
com a boca, devagarinho...
Na sua voz transparente
giram sonhos de cristal.
Nem ar nem onda corrente
possuem suspiro igual,
nem búzios nem as violas,
ai!
Nem as violas nem os búzios...
Tudo pudesse a beleza,
e, de encoberto país,
viria alguém, com certeza,
para fazê-la feliz,
contemplando-lhe alma e corpo,
ai!
alma e corpo contemplando-lhe...
Mas o mundo está dormindo
em travesseiros de luar.
A mulher do canto lindo
ajuda o mundo a sonhar,
com o canto que vai matando,
ai!
E morrerá de cantar.
Arte: VICTOR NIZOVTSEV (pintor russo contemporâneo de origem russa nascido em 1965)
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