De
repente me passa pela cabeça que você pode estar detestando tudo isso e achando
longo e choroso e confuso. Mas eu não quero ter vergonha de nada que eu seja
capaz de sentir. Tento não ficar assustado com a idéia que este tempo aqui é
curto, que eu vou voltar a … e que talvez não veja mais você. Sei que não fico
assustado demais, e enfrento, e reconstituo os pedaços, a gente enfeita o
cotidiano – tudo se ajeita. Menos a morte.
Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas… Uma
lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para
mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo
encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e
então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.
(Caio Fernando Abreu)
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