É preciso que a
saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o
vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
a folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma
janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida
Mas quando surges és tão outra e múltipla e
imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!
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