Nos anos seguintes, o pintor austríaco desenvolveu a sua linha original. A pobreza e a piedade ligam-se nos seus desenhos de linhas abruptas e formas intensas que acentuam o carácter erótico das personagens. A sexualidade e a homossexualidade estão sempre presentes e funcionam muitas vezes como uma forma de oposição à Igreja. Vemos mulheres nuas a beijarem-se em vários trabalhos e há um frade que acaricia uma freira.
As cores pálidas da decadência juntam-se aos tons vermelhos das zonas mais sensíveis do corpo. Fascinado pela devastação do sofrimento, Schiele escolhia como modelos mulheres magras de tipo andrógino e de classe baixa. Muitas delas eram prostitutas. O pintor foca os órgãos sexuais das suas personagens, quer pela posição do corpo, quer pelas cores utilizadas, em quadros despidos de quase todos os elementos decorativos e na ausência de qualquer pano de fundo.
Também os seus auto-retratos expressam a forma como encarava a realidade. De olhos cavados, testa alta e com um corpo esquelético, Schiele mostra-se repulsivo para a posterioridade, quando aos seus contemporâneos se mostrava atraente e de aspecto elegante.
Após ter fundado o seu grupo de arte, Schiele expôs em Zurique, Praga, Dresden, Budapeste, Colónia e Paris. Apesar das críticas vorazes dos europeus mais púdicos, o seu trabalho viajou além fronteiras devido à sua força de expressão e agressividade. Schiele faz-nos viajar entre a promiscuidade dos bairros mais pobres, obrigando-nos a observar (e aos seus contemporâneos do início do século XX) o que ninguém quer ver. Não foi por acaso que este pintor foi o protegido de Gustav Klimt.
Schiele quer chocar? Quer chamar a atenção para problemas sociais? É obcecado por sexo? Muito provavelmente, um pouco dos três. Pintou a sua primeira companheira e musa, Valeria, a sua esposa, Edith, e chegou até a pintar a sua irmã mais nova nua: de cabeleira ruiva, deitada e com um olhar provocador. A intimidade entre o pintor e os seus modelos é uma das características visíveis nos desenhos.
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