terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Angústia - J.J. de Araújo Jorge

Há uma estranha beleza na noite!
Há uma estranha beleza!
Oh, a transcendente poesia
que verso algum traduz...

A via-láctea, inteiramente acesa
parece a fotografia
de um tufão de luz!

- Quem seria,
quem seria
que pregou lá no céu aquela imensa cruz?

Que infinita serenidade...
Que infinita serenidade misteriosa
nesse infinito azul dos céus e em tudo mais:
nos telhados, nas ruas, na cidade...

(Só os gatos gritam na noite silenciosa
sensualíssimos ais !)

Meu Deus, que noite calma... E aquela trepadeira
feminina e ligeira
veio abrir bem na minha janela
uma flor - como uma boca rubra e bela
que não terei...

- E ainda sinto nos lábios um travo nauseante
do amor que faz bem pouco, há apenas um instante,
paguei...

E o céu azul assim... E essa serenidade!
Silêncio - A noite, o luar ... Tão claro o luar lá fora...
Juraria que há alguém, não sei onde que chora...

Oh, a angústia invencível que me prostra
invade e me devora...
 
(by Paloma Aime Ferreira)

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