quinta-feira, 22 de março de 2012

Comida anti-idade

Comer menos, dizem os cientistas, faz você viver mais. E melhor?
Não, afirma Luciana Aun, médica cirurgiã e autora de "Segredos do Antienvelhecimento" (ed. Livre Expressão, 165 págs., R$ 34).
Para manter a saúde e retardar os efeitos do passar dos anos no corpo é preciso até consumir algumas calorias extras -desde que vindas dos alimentos certos e com novos arranjos nas proporções de cada grupo de nutrientes conforme a fase da vida, segundo a médica.
Sua teoria é a de que, a partir da pré-menopausa ou da andropausa, época em que começa o declínio hormonal na mulher e no homem, respectivamente, é preciso comer mais gorduras "boas".
Ela propõe uma mudança na tradicional pirâmide alimentar, que indica as proporções de consumo diário para cada grupo de nutrientes.
No esquema tradicional, as gorduras ficam no topo da pirâmide: significa que devem ser ingeridas nas menores quantidades diárias. Aun defende que, ao envelhecer, a pessoa mude essa proporção.
"Gorduras boas, especialmente as ricas em ômega 3, facilitam a fabricação e o transporte de hormônios, sem causar inflamação", diz.

OUTRO LADO
A ação anti-inflamatória do ômega 3 já foi comprovada. E as gorduras são mesmo importantes para o trabalho hormonal. Mas os argumentos não são suficientes para aumentar o consumo do nutriente, na opinião do cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, do Instituto Dante Pazzanese Cardiologia.
"As gorduras não podem passar de 35% do total de alimentos consumidos ao dia. Demais, até mesmo gordura boa faz mal."
O problema, segundo o cardiologista, é que o nutriente altamente calórico (um grama tem nove calorias) aumenta também gordurinhas que ninguém considera do bem, como aquelas ao redor da cintura.
As consequências não são só estéticas: os pneuzinhos também aumentam o risco de doenças cardiovasculares.

ANTIOXIDANTES
Outro ponto da dieta antienvelhecimento proposta por Aun é aumentar a reserva de antioxidantes, substâncias que combatem os radicais livres, moléculas relacionadas aos processos degenerativos do organismo.
Para melhorar o aproveitamento dos antioxidantes fornecidos pelos alimentos, a médica sugere que eles sejam consumidos em forma líquida pelas pessoas mais velhas.
A ideia é facilitar o trabalho de digestão. "Todo processo metabólico, como o digestivo, gera um 'lixo' celular, fonte de radicais livres. Se economizamos nesse processo, sobra energia e nutrientes para músculos, pele e órgãos funcionarem melhor."
Mas também não dá para levar muito ao pé da letra essa dieta líquida.
Em alguns casos pode ser bom, mas não é fundamental para garantir a absorção das substâncias que a pessoa precisa, segundo a bioquímica e nutricionista Lucyana Kalluf, do Instituto de Prevenção Personalizada, de São Paulo.
"O melhor é fazer um 'bem-bolado' de líquidos e sólidos, de alimentos que ajudam na regulagem hormonal e de antioxidantes", diz Kalluf.
E lembrar que, para envelhecer bem, o corpo não quer só comida. "Não adianta comer tudo certinho se você vive estressado ou deprimido", diz Aun, que também colocou a atividade física e a meditação em sua pirâmide.

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